setembro 12, 2010

Sobre as coleções de livros...

Poucos meses atrás a Abril lançou uma série de clássicos da literatura, com ótimo acabamento, conforme comentei aqui. É, basicamente minha segunda coleção de livros. A primeira foi uma que ganhei do jornal O Estado de São Paulo, contendo 20 volumes. Acabo de ver que a Folha lançará, no próximo domingo, dia 19, a coleção Livros que mudaram o Mundo. É uma coleção interessante se não fosse por alguns volumes que lá estão simplesmente para preencher espaço. Os títulos da colação da Abril tratavam da literatura mundial trazendo clássicos a um preço realmente satisfatório. Alguns até bastante difíceis, pois já em edições esgotadas. Já da Folha alguns dos volumes são realmente desnecessários, ou melhor, estão na minha listinha de que um dia, se tiver tempo, não tiver outros livros na fila, nem nada mais importante, os leria. Alguns são interessantes, mas mesmo assim não recomendo o investimento, principalmente por não saber a qualidade da publicação. Sem contar que há edições condensadas e parece ser uma coleção burocrática demais. Vejam os títulos selecionados:

A Origem das Espécies - Darwin

O Príncipe e Escritos Políticos - Maquiavel

A Interpretação dos Sonhos - Freud

Riqueza das Nações (ed. condensada) – Adam Smith

Apologia de Sócrates, O Banquete e Fedro - Platão

Discurso sobre o Método e Princípios de Filosofia - Descartes

A Utopia – Thomas More

A Metafísica dos Costumes - Kant

Principia - Princípios Matemáticos de Filosofia Natural (livro III) – Isaac Newton

O Livro Vermelho – Mao Tse-Tung

A Política - Aristóteles

Confissões – Santo Agostinho

O Capital (ed. condensada) – Karl Marx

Do Contrato Social - Rousseau

Pensamentos - Pascal

A Democracia na América – Alexis de Tocqueville

Cândido ou O Otimista - Voltaire

Bíblia Sagrada

Alcorão Sagrado

Discursos que mudaram o Mundo

Já os 35 volumes da Abril (já que são edições completas, muitos dos títulos tem dois volumes):

Crime e castigo, V.1 - Fiódor Dostoiévski

Crime e castigo, V.2 - Fiódor Dostoievski

Madame Bovary - Gustave Flaubert

O retrato de Dorian Gray - Oscar Wilde

Memórias póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis

A divina comédia – Inferno - Dante Alighieri

Os sofrimentos do jovem Werther - J. W. Goethe

O engenhoso fidalgo D. Quixote da Mancha, V.1 - Miguel de Cervantes

O engenhoso fidalgo D. Quixote da Mancha, V.2 Miguel de Cervantes

Hamlet, Rei Lear e MacBeth - William Shakespeare

Ilusões perdidas, V.1 - Honoré de Balzac

Ilusões perdidas, V.2 - Honoré de Balzac

Orgulho e preconceito - Jane Austen

O primo Basílio - Eça de Queirós

Moby Dick, V.1 - Herman Melville

Moby Dick, V.2 - Herman Melville

O falecido Mattia Pascal - Luigi Pirandello

O homem que queria ser rei e outras histórias - Rudyard Kipling

Os lusíadas - Luís de Camões

A metamorfose - Franz Kafka

Outra volta do parafuso - Henry James

O assassinato e outras histórias - Antón Tchekhov

O morro dos ventos uivantes - Emily Brontë

Mensagem - Fernando Pessoa

Coração das trevas - Joseph Conrad

O vermelho e o negro - Stendhal

Cândido - Voltaire

Os Malavoglia - Giovanni Verga

Os sertões, V.1 - Euclides da Cunha

Os sertões, V.2 - Euclides da Cunha

Contos de amor, de loucura e de morte - Horacio Quiroga

Infância - Maksim Gorki

Grandes esperanças - Charles Dickens

No caminho de Swann - Marcel Proust

Odisséia – Homero

Toda coleção acaba por repetir alguns dos volumes, como se pode ver que Cândido, de Voltaire, aparece nas duas. Minha primeira coleção foi em 1997, como disse acima, presente do Estadão. Chamava Ler é Aprender e guardo esta coleção com muito carinho, mas tratava de clássicos da literatura brasileira e portuguesa. Seus títulos eram:

Espumas Flutuantes - Castro Alves

Dom Casmurro - Machado de Assis

O primo Basílio - Eça de Queirós

Contos novos - Mário de Andrade

Memórias póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis

O noviço - Martins Pena

A relíquia - Eça de Queirós

Auto da barca do inferno - Gil Vicente

Amor de perdição - Camilo Castelo Branco

Fogo morto - José Lins do Rego

Quincas Borba - Machado de Assis

Senhora - José de Alencar

Memórias de um sargento de milícias - Manuel A. de Almeida

Poemas escolhidos - Fernando Pessoa

O ateneu - Raul Pompéia

O cortiço - Aluísio Azevedo

A moreninha - Joaquim M. de Macedo

Policarpo Quaresma - Lima Barreto

Poesia brasileira – coletânea

Brás, Bexiga e Barra Funda - A. Alcântara

Como se pode ver, houve a repetição de dois títulos, O Primo Basílio e Memórias Póstumas de Brás Cubas. Dois clássicos que acabam por permear as discussões literárias, que não poderiam mesmo estar fora das duas coleções. Ao se pensar nas coleções, sempre haveria mais algum título a complementar.

Eu realmente gosto de coleções. Já tive outras coleções, mais não fui em frente. Acho que estas, que faço uso por realmente ter um grande apreço pela literatura, faz muito mais sentido.

Lia esta semana um artigo de Lya Luft, na revista Veja, que falava sobre o livro eletrônico. Falava sobre a discussão sem fim, de que o livro, impresso, vai acabar. No fundo concluía que por enquanto não deve acabar... Cois amais do que óbvia, bastava ver o tamanho das livrarias existentes. Se alguém lembrar, basta ver que os espaços para CD´s e discos de vinil nas lojas é muito menor do que era a coisa de 5 a 10 anos atrás - no caso do vil, coisa de 20 anos. A diferença dos livros, é que CD´s, LP´s, DVD´s e outros necessitam de aparelhos para serem reproduzidos, enquanto que os livros há alguns séculos permanecem um tanto quanto semelhantes... são produtos prontos... Se tira da estante e lê.

Guterman genial!

Poucas foram as vezes que publiquei aqui no blog um artigo completo, mas Marcos Guterman conseguiu, com poucos parágrafos, expor o que talvez demorasse algumas páginas e não sei se conseguiria com tanta precisão. Se eu tenho uma opinião claramente contrária ao rumo que seguem estas eleições – e ainda não tive tempo de escrever por aqui – Guterman pegou um dos mais importantes aspectos e que considero de suma importância na transição democrática entre partidos democraticamente representados. Se há algo de positivo nesta eleição, já foi também demonstrada pelos números e por discursos como da candidata verde Marina Silva e de Plínio de Arruda Sampaio.

Explico: Maria Silva faz um discurso trazendo a continuidade dos avanços dos últimos 16 anos e a mudança do que não concorda, o que faz com que seja a “terceira opção” e pela primeira vez o PV (Partido Verde), único partido com características internacionais existente no Brasil – o que me faz pensar que ainda há algo de normal no Brasil – consegue ter um candidato representativo. Não, não vou votar na Marina, mas isso não impede de falar que sua candidatura é algo positivo ao processo democrático. Sobre Plínio de Arruda Sampaio, os números da pesquisa de intenções de voto mostram que sua participação nos debates se dá por puro respeito à sua pessoa – sua biografia e sua idade – e não às suas idéias políticas, que a população nem sequer quer saber. Isso é positivo do ponto de vista que seu discurso acabou e não há mais espaço para aventuras políticas radicais. Por mais que Dilma pareça uma radical, por sua falta de postura ao responder perguntas – parece sempre estar nervosa e que todas as perguntas estão sendo feitas para atacá-la – sempre há Plínio para nos lembrar que tudo pode ser pior...

Que coisa, não falei de Serra... Bem, o que falar sobre um dos maiores fenômenos incompreendidos da política brasileira que se tem idéia? Como pode estar em situação tão lamentável um candidato que tem a biografia que tem? Foi um bom governador do Estado de São Paulo, afinal, seu índice de aprovação passa dos 50% de bom e ótimo. Tem o que se precisa para ser um chefe de Estado: postura ética, experiência administrativa, um grupo de apoio com pessoas de bom senso e bom nível técnico administrativo e, o mais importante, não é uma unanimidade. Isso significa que sabe conviver com o espírito democrático. Só isso já valeria todos os seus defeitos. Se sua campanha de TV fosse boa – o que não é – estaria se evidenciando a falta de qualidade dos seus oponentes. A campanha de Dilma não consegue falar do impossível – suas qualidades e do governo Lula (a não ser que minta, distorcendo os números) – então sobra destacar os defeitos dos opositores. Índio da Costa, vice de José Serra, foi a melhor presença desta eleição. Espero que consiga em alguns anos formar um grupo político que represente alguma novidade no cenário nacional. Assim como Sarah Palin foi o que houve de melhor na eleição de Obama, Índio da Costa se torna um nome forte para representar uma novidade para a política brasileira, que já apresenta, como Guterman escreve abaixo, um esvaziamento do discurso político. Só lembrando o que li na The Economist meses atrás: José Serra seria o melhor presidente que o Brasil pode não ter...

Por Marcos Gurterman

Médici, Lula e a tiriricarização da política

Em seu twitter, Alncelmo Gois, colunista de O Globo, fez uma observação muito pertinente: “Lula é um democrata. Médici era ditador. Mas o clima de Brasil grande e de desinteresse pela política é o mesmo nos dois governos”.

A comparação é inevitável. O que aproxima Lula e Médici é um projeto de unanimidade, fundamentado na ideia de que é preciso união nacional para atingir o objetivo de transformar o Brasil numa grande potência. O resultado disso tudo, tanto nos anos 70 como agora, é o esvaziamento do discurso político, de que a candidatura de Tiririca é apenas seu mais símbolo mais grotesco.

Pior: a oposição é vista como algo danoso ao país. Médici dizia que era necessário “mobilizar a vontade coletiva para a obra do desenvolvimento nacional” e que, embora a unanimidade fosse algo “incompatível com o regime democrático”, o ideal era “compreender que a pátria é uma só” quando estivessem em jogo “os supremos valores da liberdade, do desenvolvimento e da segurança”. Já Lula é mais prático: chama os opositores simplesmente de “turma do contra, que torce o nariz contra tudo o que o povo conquistou nos últimos anos”, como se esses recalcitrantes não fizessem outra coisa a não ser atrapalhar a marcha brasileira rumo a seu destino manifesto.

A invenção de Dilma não é senão a melhor expressão dessa arrogância: afinal, no melhor estilo populista, Lula concluiu que o mundo político tradicional (aí incluído seu próprio partido) não poderia produzir um sucessor à altura de suas qualidades messiânicas, razão pela qual decidiu gerar sua própria candidata. A apatia alimentada por Lula transformou uma completa desconhecida numa pessoa de qualidades tão excepcionais que 50% dos eleitores já decidiram votar nela. Ao inventar Dilma, o presidente dispensou a mediação da política para impor sua vontade pessoal, a partir da percepção de que essa vontade se confunde com os desejos da maioria dos brasileiros.

Nisso, Lula e Médici são muito mais próximos do que a biografia de ambos faz supor. Embora ditador, Médici tinha verdadeira obsessão pela legitimação popular de seus atos. Logo ao tomar posse, o general discursou: “Espero que cada brasileiro faça justiça aos meus sinceros propósitos de servi-lo e confesso lealmente que gostaria que o meu governo viesse, afinal, a receber o prêmio de popularidade”.

O próprio Lula reconheceu, em entrevista a Ronaldo Costa Couto em 1989, que o general seria eleito se houvesse voto direto para presidente, porque “a popularidade do Médici no meio da classe trabalhadora era muito grande”. É fato: naquela época, exatamente como hoje, havia emprego e a sensação de que o Brasil alçava voo, o que era suficiente para justificar todo tipo de arbítrio.

Os paralelos, contudo, vão além. Naquela época, como hoje, havia delírios de grandeza em política externa. E, sobretudo, naquela época, como hoje, o presidente julgava que a popularidade era uma espécie de chancela automática para dizimar o contraditório e a própria essência da vida política, em nome do “interesse nacional”.

setembro 03, 2010

Esses meus projetos...

Faz já pouco mais de um mês que escrevi aqui pela última vez. Escrever pouco é muito ruim, pois parece que venho “desistindo” de escrever, o que não é nem de perto verdade. Venho escrevendo outras coisas, um pouco por trabalho e outro tanto por questões relacionadas a alguns projetos. Mas um dos projetos principais está parado. Outros dois estão engatinhando... E por fim, nem sobre os costumes gerais tenho tido tempo.

Gosto de falar de futebol, F1, filmes, músicas e até de arquitetura... Imagino que muita gente entra no blog a procura de questões relacionadas à arquitetura. Uma ânsia que eu mesmo já passei tempos atrás. Não era, à época, blog, mas sites sobre arquitetura. Além do Vitruvius, que teve recente remodelação – da qual eu detestei – e o Arcoweb, não há mais sites sobre arquitetura. O próprio site da Pini, que edita a revista AU, não é lá um site muito interessante. O site Casa.com.br, da revista Arquitetura & Construção, é outro difícil de encontrar as coisas. Acredito que falta ainda alguma coisa para os sites ficarem fáceis de encontrar as obras, os arquitetos, os fornecedores, os vídeos, as entrevistas e as crônicas. A coisa mais estranha é a parte sobre perguntas, recheada de questões feitas por estudantes. Na verdade, lembro que quando saí da faculdade fui um dos poucos que continuou assinando a AU. E também foi por pouco tempo. Tem horas que penso que estas revistas são feitas para breve informação e não com a idéia de ser um objeto de pesquisa, de “acervo científico” – como se trata na área médica as revistas especializadas.

Bem, não queria ficar discutindo o mercado editorial de arquitetura, mas uma coisa me parece óbvia: há uma carência de produtos editados para arquitetura. Muitos livros foram publicados nos últimos anos e há muito ainda por aparecer.

A respeito dos livros de arquitetura, os escritórios mais consolidados dos chamados “comerciais” acabaram lançando compêndios sobre suas obras. Muitos deles são muito interessantes e há muitas coleções de livros baratos, alguns comentando somente uma obra específica. Olhando com as lentes do passado, parece que há um avanço neste sentido. Mas eu ainda sinto falta da continuidade da coleção de livros do Instituto Lina Bo e P. M. Bardi, que se não me engano lançou quatro livros: Lina Bo Bardi, Vilanova Artigas, Reidy e, o mais popular, João Filgueiras Lima - Lelé. O quinto volume, sobre Oscar Niemeyer, não saiu ainda... E por muito tempo o da Lina esteve esgotado (sem contar o preço, que daria um tópico a mais...).

Se for falar a respeito dos ensaios, no Brasil parece que há uma lacuna maior. Muitas teses são publicadas, mas nada de inovador, nada de polêmico. Acho que o ultimo livro polêmico que tive oportunidade de ler foi o de Sérgio Teperman, que não passa de uma coletânea de seus inúmeros textos. Falta algum livro recente de ensaios arquitetônicos e urbanísticos. Algo que também saia um pouco do culto à arquitetura moderna brasileira. Será que não se produz nada além do que se passa nos meios acadêmicos? Será que não há mais o que se falar sobre assunto tão vago?

Poderia dizer que faço certa injustiça. Acabo de lembrar do livro – o pequeno e denso livro – do arquiteto Jaime Lerner, Acupunturas Urbanas. Nunca li críticas sobre o tal livrinho. Parece ter passado despercebido. Mas se lançassem muitos livrinhos assim, o debate ficaria bem mais interessante. Isso é uma das poucas certezas que tenho. O fato é que imagino a vontade dos arquitetos de sempre lançar os grandes livros, ilustrados, com projetos completos, textos analíticos, etc. e caros. Tem horas que se deve popularizar o debate. Achei incrível quando lançaram em português o livro Nova York Delirante, de Rem Koolhaas. Só acho que demorou muito... E assim ainda temos muitos livros que não nos chegam em português... E depois me perguntam por que eu estudo outras duas línguas...

Os três textos

Já que continuo aguardando o Renzo Piano da postagem anterior – comprar a Black Friday é isso: o melhor preço, porém, não chega nunca – aca...